20091229

Jardim Botânico de Londres anuncia descoberta de 250 novas espécies em 2009

Jardim Botânico de Londres anuncia descoberta de 250 novas espécies em 2009

28.12.2009
PÚBLICO


http://www.kew.org/science/new-discoveries/?lat=5.4419&lng=40.3046&zoom=2


O Kew Gardens, jardim botânico de Londres, anunciou que, ao longo de 2009, os seus biólogos e botânicos descobriram e descreveram 250 novas espécies de plantas e fungos em vários locais do planeta.
Entre as novas espécies encontram-se orquídeas, árvores que crescem até aos 42 metros de altura e fungos minúsculos com menos de um milímetro de espessura. A lista inclui 24 novas espécies de palmeiras, 13 novas espécies de orquídeas e uma nova espécie de maracujá da Amazónia, encontrada em Mato Grosso.

As descobertas foram feitas em vários locais do planeta e com a colaboração de peritos de cem países, sendo que o maior número de espécies novas (62) foi encontrado no Bornéu. O Brasil registou a descoberta de 20 novas espécies.

Os investigadores do Kew Gardens – que descobrem, em média, 200 novas espécies de plantas por ano - acreditam que um terço deste grupo de 250 estará ameaçado de extinção.

“Este trabalho nunca foi tão importante”, escreve o jardim botânico em comunicado, lembrando que o planeta vive numa era de alterações climáticas globais e de perda da biodiversidade.

Todos os anos são descobertas, em média, cerca de duas mil novas espécies vegetais. “Estas novas descobertas salientam o facto de que há ainda há muito no mundo das plantas para ser descoberto e documentado. Sem saber o que existe e onde ocorre não temos nenhuma base científica para uma conservação efectiva”, comentou Stephen Hopper, director do Kew Gardens.

Este jardim botânico criou o programa Breathing Planet para “acelerar a descoberta e classificação da diversidade vegetal e para encontrar soluções para a sua conservação”, acrescenta. Hopper.

ver também: http://www.kew.org/science/new-discoveries/


"Vamos tornar-nos super-sapiens cabeçudos": **entrevista a Yves Coppens*



*Público*, 29/12/09, por Ana Gerschenfeld

Quem somos, donde viemos, para onde vamos? Estes foram alguns temas da conversa que tivemos há dias, em Lisboa, com o paleontólogo francês Yves Coppens, que falou com o P2 entre uma conferência sobre os mamutes e outra sobre o "acontecimento Homo".



"Crânio pequeno", comenta em voz baixa Yves Coppens. Está a olhar para o retrato de um personagem do século XVIII, pendurado na sala da Embaixada de França onde nos encontramos. "Desculpe", acrescenta logo, mas explica que não consegue deixar de ver os ossos por baixo da pele e dos músculos quando olha para uma cara. Mesmo que seja um retrato. Coppens, paleontólogo há 50 anos, gosta de contar histórias da sua vida científica e conta-as muito bem.
Na véspera, no Instituto Franco-Português, em Lisboa, com o seu ar de Pai Natal e a sua voz suave, deleitou a assistência durante duas horas com a descrição dos seus trabalhos de juventude sobre os mamutes e os elefantes.
Mas a sua grande descoberta foi Lucy, o celebérrimo esqueleto deAustralopithecus afarensis, encontrado em 1974, quando Coppens dirigia, com vários colegas, uma expedição científica internacional ao deserto de
Afar, na Etiópia. E hoje ainda, aos 75 anos, continua a viajar para lugares recônditos e inóspitos do planeta à procura das origens dos homens.

Qual é, em grandes linhas, a história mais provável da origem e da disseminação geográfica de Homo sapiens?

O homem é um primata e a sua história está ligada à dos primatas. Os primatas aparecem há uns 70 milhões de anos e surgem porque nessa altura - há sempre uma razão ambiental - aparecem as plantas com flores. As plantas com flores fazem frutos. De facto, os primatas são animais insectívoros que se adaptaram ao consumo de frutos e à vida nas árvores. Aliás, ainda temos em nós os vestígios disso tudo: continuamos a comer fruta, temos os olhos à frente do rosto para apreciar as distâncias (o que é bom para saltar de ramo em ramo), vemos às cores, o que é útil para saber se a fruta está madura ou não.

A vida nas árvores dos nossos antepassados também ficou registada na nossa clavícula - que não é feita para abraçar melhor os amigos, mas para abraçar melhor as árvores e conseguir trepar. Temos cinco dedos para agarrar coisas e se perdemos as garras e adquirimos unhas, também foi para facilitar a subida. Todos estes sinais anatómicos remontam à época da passagem dos insectívoros para os primatas.

Damos agora um grande salto e chegamos a dez milhões de anos atrás, quando a família dos grandes símios africanos, nomeadamente os chimpanzés, se separa da nossa família. E nessa altura, sem dúvida também por razões ambientais, uns continuam a viver num meio coberto, florestal, denso, enquanto os outros - nós - passam para um meio menos coberto, uma floresta menos densa ou uma savana arborizada. É aí que começa a aparecer uma série de pré-humanos, que são preciosos porque nos fornecem informações sobre o nosso passado próximo.
São os fósseis de Tumai, com sete milhões de anos [descobertos no Chade em 2001], de Orrorin, com seis milhões de anos [2000, Quénia], os ardipitecos, com 5,8 a 4,4 milhões de anos, os australopitecos como a Lucy [3,2 milhões de anos], etc. Estes hominídeos ainda não são humanos.

Que características têm?

São todos tropicais, surgem todos em África, têm um encéfalo que tende a desenvolver-se aos poucos, uma face que vai aos poucos perdendo o focinho para se tornar mais plana, andam todos de pé. No início, são bípedes e
arborícolas ao mesmo tempo - andam a pé mas continuam a trepar às árvores.
Mas há uns quatro milhões de anos, acabam por se virar exclusivamente para a marcha, abandonando os ramos. Estas espécies são o viveiro, o bouquet de formas que precede a Humanidade. Entre eles está Lucy, a minha preferida.

De quem falaremos mais adiante...

Chegamos assim a uns três milhões de anos atrás - e é aí que um desses pré-humanos se torna homem. Mais uma vez, por causa de uma mudança climática - e neste caso, para se adaptar a um aquecimento. Isto acontece há 2,7 ou 2,8 milhões de anos. Eu estudei esta questão e mostrei a correlação entre as mudanças climáticas e a origem do homem. O homem aparece porque um pré-humano teve a obrigação de se adaptar a uma mudança ambiental; a transformação de pré-humano em humano é uma adaptação ambiental.

O que distingue o pré-humano do humano?

Duas coisas essenciais. Como vimos, o pré-humano já estava de pé, era exclusivamente bípede, mas desta vez, são os dentes que mudam: tornam-se dentes de omnívoro. Como há menos vegetais [devido ao aquecimento], esse pré-humano começa também a comer carne. O seu cérebro também se desenvolve nitidamente, tanto do ponto de vista volumétrico como da sua complexidade.
Como os cérebros dos nossos antepassados já desapareceram, fazem-se moldes da cavidade que ocupavam no crânio e os moldes mostram uma crescente complexidade dos lobos cerebrais e da irrigação sanguínea, que deixaram as suas marcas na face interna da caixa craniana.

Por sua vez, o desenvolvimento do cérebro, que é a forma de adaptação escolhida por aquela personagem - o Homo habilis - traz com ele a consciência, o que é realmente extraordinário. Significa que em vez de saber
- como Lucy provavelmente sabia -, graças a um bocadinho de córtex a mais, a um punhado de células cerebrais a mais, o Homo habilis sabe que sabe, como uma espécie de retorno em espelho. E, sabendo que sabe, pode antecipar o futuro, pode imaginar coisas. É a partir dessa altura que, em vez de utilizar simplesmente os objectos à sua volta, começa a transformá-los. E isso muda tudo. "More is different", como dizem os ingleses. Apenas um
bocadinho de cérebro a mais e sobe-se logo para o nível acima. Acontece como nos impostos: basta ganhar mais uns cêntimos para passar para o escalão superior e pagar três vezes mais (acabei de pensar nisso agora mesmo). O mesmo acontece com a vida: com um pequeno acrescento, o cérebro torna-se capaz de reflexão.

Portanto, o homem aparece nos trópicos, em África, onde viveram todos os seus predecessores, incluindo o pré-humano que se tornou homem, e vai espalhar-se geograficamente, primeiro por esse continente fora e depois pela
Eurásia.

É, portanto, o Homo habilis que começa a viajar.

Sim, penso que sim. Há quem tenha dito que foi o Homo erectus [mais tardio], mas não há qualquer razão para que o Homo habilis tenha ficado lá à espera, a pensar "quando for erectus, vou começar a mexer-me" [ri-se].

E essa migração acontece porquê?

Acho que tem a ver com a procura de alimentos, numa altura em que a demografia começa lentamente a crescer. Quando um grupo destes humanos caçadores-recolectores atinge um certo patamar numérico, alguns deles têm de formar um novo grupo noutro sítio. E quando esse grupo atinge, por sua vez, o patamar, um novo grupo desloca-se para um pouco mais longe. Fala-se em 50 quilómetros por geração, o que significa que foram precisos 15 mil anos para passar dos trópicos para a Europa. Como as técnicas de datação não são tão finas, não os vemos a deslocar-se; vemo-los ali e depois vemo-los aqui - e entretanto, passaram-se 15 mil anos.

Mas então, onde aparece pela primeira vez o Homo sapiens?

É preciso não esquecer que os territórios na altura eram imensos: abrangiam a totalidade da África e Eurásia. Os diversos grupos estavam isolados uns dos outros e isso conduziu a uma diversificação das espécies humanas. O Homo habilis inicial tornou-se Homo erectus em cada sítio onde estava - e, por sua vez, o Homo erectustornou-se Neandertal na Europa (que funcionava como uma ilha na época das glaciações), sapiens em África e na Ásia continental, Homem de Java na ilha de Java e Homem das Flores na ilha das Flores. Há sem dúvida outros, cujos fósseis vamos encontrar um dia.

Esta diversificação humana aconteceu há quanto tempo?

Há 50 a 100 mil anos. Mas a difusão do homem começou dois milhões de anos mais cedo e a sua diversificação há mais de um milhão de anos. Há quem diga que o Neandertal tem 200, 300 ou mesmo 400 mil anos. Os mais arrojados dizem 500 mil - e eu digo que tem muito mais. E desses quatro tipos de humanos (Neandertal, sapiens, Java, Flores) só o Homo sapiens é que se vai deslocar (há 40 a 60 mil anos).

O Homo sapiens espalha-se a partir da África?

Da África e da Ásia (China, Mongólia, Sudeste asiático). Passa para a América, onde não há ninguém, para a Austrália, onde também não há ninguém.
Mas também para Java, Flores e para a Europa, onde já há outros homens. Em todas as regiões onde já existem populações, o Homo sapiens vai coabitar com elas e acabar por as eliminar, por assim dizer. A prazo, o Neandertal, o Homem de Java e o de Flores desaparecem e só resta o Homo sapiens. É por isso que somos todos sapiens.

Foi um dos descobridores de Lucy, com o norte-americano Donald Johanson e outros. Quando encontraram a Lucy, perceberam logo a sua importância?De maneira nenhuma. Eu já trabalhava, na altura, no Sul da Etiópia, onde já tinha encontrado fósseis de hominídeos. E sabia que os fósseis do deserto de Afar tinham a idade certa para conter também fósseis de hominídeos. Aliás, num colóquio antes da nossa expedição, tinha mesmo anunciado que iríamos lá encontrar hominídeos. Não falhou. Mas era previsível.

Quando começámos o trabalho em Afar, em 1972, encontrámos muitos vertebrados, mas nenhum hominídeo. Mas logo em 1973 começámos a encontrar alguns fósseis de hominídeos e nos anos seguintes ainda mais. Começámos por encontrar um bocado de osso temporal e um joelho, que baptizei "o joelho de Claire" [do título de um filme de Eric Rohmer]. Portanto, quando dois jovens da nossa equipa encontraram os primeiros fragmentos de Lucy, pareceu-nos interessante, mas nada de extravagante.

Quando voltámos ao local, em 1974, e fomos desenterrando mais fragmentos, vimos que eles tinham mais ou menos o mesmo calibre e a mesma cor, a mesma densidade e que as suas dimensões eram compatíveis com o facto de terem pertencido a um único e mesmo esqueleto. No início, Lucy era apenas o AL-288 - um conjunto de fósseis encontrados numa dada localidade de Afar. Aos poucos, fomos percebendo que se tratava provavelmente de um único indivíduo.
E isso permitiu-nos obter uma silhueta. De repente, ficámos com uma ideia da sua altura - 1,10 a 1,20 metros -, do seu peso (20 a 25 quilos) e também das articulações e da proporção das suas extremidades superiores em relação às inferiores. Foi assim que vimos que as curvas da coluna vertebral, a forma muito achatada da bacia mostravam que esse ser andava de pé. Mas, por outro lado, as articulações do úmero e do joelho mostravam que era arborícola. Era a primeira vez que se descobria no mesmo esqueleto sinais de bipedismo e de vida nas árvores. Era uma demonstração inesperada e fantástica do estado intermédio entre o carácter arborícola de antes e o bipedismo de depois.

Por que lhe chamaram Lucy?

Lucy era o fóssil 288. Na grande tenda-laboratório onde marcávamos os fósseis, que não era uma tarefa muito divertida, costumávamos conversar ou ouvir rádio ou cassetes de Bach, Mozart, dos Beatles. Acontece que no dia em que marcámos o osso da bacia e percebemos que era do sexo feminino, estávamos a ouvir Lucy in the sky with diamonds, dos Beatles. A partir daí, 288 passou a chamar-se Lucy, que era, admitamos, uma designação mais elegante.

Foi recentemente publicado o estudo de uma outra hominídea fóssil, Ardi (ardipiteco), cujos ossos sugerem que nós, humanos, somos muito mais parecidos com o antepassado comum ao homem moderno e aos chimpanzés do que os próprios chimpanzés. Ou seja, que foram os chimpanzés que divergiram muito a partir desse antepassado comum e não nós, como se pensava. O que acha desta teoria?

Penso, o que não é novo, que os chimpanzés também se especializaram. Ou seja, que essa maneira que têm hoje de se erguer de vez em quando ou de andar nas quatro patas apoiando-se nos nós dos dedos das mãos é muito específico dos chimpanzés. Isso já se sabia, mas é verdade que se pensava que o antepassado comum teria mais a silhueta de um chimpanzé. Ardipiteco mostrou que não era bem assim. Mas a mim agrada-me essa especialização em duas direcções, ao mesmo tempo na direcção dos pré-chimpanzés e dos chimpanzés, por um lado, e na direcção dos pré-humanos e dos humanos por outro.

O facto de o registo fóssil da Humanidade ser tão fragmentado, tão incompleto, deve ser frustrante. Pensa que a genética vai conseguir fornecer respostas que faltam para colmatar as brechas?

Colmatar as brechas não me parece, porque será sempre precisa uma demonstração paleontológica para ter a certeza do que a genética nos diz. Mas todas essas ciências, genéticas ou moleculares, são preciosas porque
fornecem elementos novos. Portanto, os paleontólogos permanecem atentos aos dados vindos dessas ciências.

Tem dito que não gosta muito da teoria darwiniana porque, nela, o acaso parece funcionar bem de mais. Pode explicar?

A ideia de Darwin da selecção natural é uma realidade, mas a evolução é um fenómeno complexo que não se explica só pela selecção natural. Eu acho que Darwin era um homem de grande qualidade, de grande lucidez e clareza de pensamento, que fez um grande trabalho - um homem de síntese por excelência.
O que eu digo é que, no terreno, sempre vi os animais transformarem-se no bom sentido. Portanto, eu era sobretudo crítico da interpretação genética [que diz que a selecção natural opera sobre mutações aleatórias], porque me parecia que as mutações aleatórias eram demasiado boas - que o acaso fazia demasiado bem as coisas, por assim dizer.

Christian de Duve, o Prémio Nobel de Medicina, deu-me uma explicação interessante. Segundo ele, é preciso ter em conta o stress induzido pelas mudanças climáticas. Nessas condições, as mutações continuam a ser aleatórias, mas aparecem às centenas ao mesmo tempo. E quando isto acontece, o acaso fornece uma escolha muito maior [à selecção natural]. Acho que isto permite em parte explicar por que é que, no terreno, as coisas não parecem ser o fruto do acaso. Quando a escolha é possível entre 500 opções, é mais fácil acertar no alvo do que quando só existem duas opções.

Há quem diga que os humanos já não evoluem - e outros que afirmam que os nossos genes nunca tinham evoluído tão depressa como nos últimos 1000 a 2000 anos, nomeadamente por causa da mudança de dieta, da explosão demográfica, etc. Acha que ainda estamos a evoluir?

Continuamos com certeza a evoluir. Mas com um pouco menos de ruído. E é verdade que a cultura, que tem funcionado como um ecrã entre a solicitação ambiental e a resposta da nossa anatomia, tem limitado os estragos, por assim dizer.

E como vamos evoluir?

Vamos transformar-nos noutra coisa. Não em mil ou dois 2000 anos, mas mais para a frente: vejo um desenvolvimento do encéfalo, do cérebro, que se vai tornar mais complexo, mais denso, mais rico em neurónios, com mais sinapses, mais volumoso também - o que quer dizer partos mais problemáticos. Mas isso pode resolver-se naturalmente com uma redução do tempo de gestação, dando ao crânio da criança a possibilidade de crescer tranquilamente fora da barriga da sua mãe.

Vamos transformar-nos em super-sapiens?

Sim, vamos tornar-nos super-sapiens cabeçudos. Em vez de termos 1500 centímetros cúbicos de volume  craniano, o que não é nada, vamos ter 5000 cc.

Mas não vamos conseguir mexer-nos!

Sim, vamos. Lucy tinha apenas 400 cc! Se ela estivesse cá e visse o tamanho das nossas cabeças, ou acharia graça ou ficaria muito assustada - ou morria a rir ou fugia a sete pés.

Outros caracteres físicos terão de evoluir também para suportar o cérebro.

Forçosamente. Os caracteres evoluem em função uns dos outros. Mas só até certo ponto, uma vez que precisamos de conseguir estar de pé ou sentados. Eu teria gostado que a roda aparecesse na anatomia humana, mas isso nunca aconteceu...

O que faz actualmente?

De há dez anos para cá tenho-me dedicado a escavar o permafrost da Sibéria e da Mongólia, à procura de mamutes. O último que encontrámos, e que ainda não vi, tem 47 mil anos. Outros têm entre 15 mil e 25 mil anos.

Então já não se interessa pelo homem?

Pelo contrário. Imagine o que seria encontrar, ao pé de um mamute, um caçador - ou uma caçadora - perfeitamente conservado, durante milhares e milhares de anos, a 15 graus negativos!

20091222

Conferência...Variations de la température et des sécheresses en Méditerranée depuis 1 000 ans par Joël Guiot, CNRS


Variations de la température et des sécheresses en Méditerranée depuis 1 000 ans

par Joël Guiot, CNRS
Les changements en épaisseur et en densité des cernes annuels d’échantillons d’arbres prélevés en région méditerranéenne permettent d’inférer statistiquement les changements climatiques qui en ont contraint la croissance. Ces données sont complétées d’indices déduits de documents historiques. On a pu extrapoler les séries instrumentales (limitées à un siècle) de températures estivales et d’indices de sécheresse sur des périodes allant de cinq à dix siècles. On a pu constater que le climat méditerranéen, actuellement chaud et sec, a connu une période froide et humide entre le XVIIe et le XIXe siècle (connu sous le nom de petit âge glaciaire). Avant 1400, le climat était chaud, mais les extrêmes connus ces dernières années n’ont jamais été atteints, même dans les périodes les plus chaudes du Moyen Âge. L’utilisation de ces reconstructions en conjonction avec des modèles climatiques montre que les forçages dominants du climat, les activités volcanique et solaire, ont fait place peu à peu à l’activité anthropique (augmentation des gaz à effet de serre).
Joël Guiot est directeur de recherche au CNRS. Il est responsable, au sein du Centre européen de recherche et d'enseignement des géosciences de l'environnement (CEREGE), de l'équipe Écosystèmes continentaux et marins, spécialisées dans l'étude des paléoclimats à différentes échelles de temps (du Quaternaire aux derniers siècles), en région tropicale et Méditerranéenne. Il est également directeur d'une fédération de recherche (ECCOREV) dédiée à l'environnement (risques naturels, climat, biodiversité, eau, déchets, pollution, écotechnologies). Sa recherche porte essentiellement sur la variabilité du climat à long terme et ses impacts sur la végétation. 

Quelques références : 
• J. Guiot, C. Lécuyer, M.-A. Héran, R. Amiot, L. Simon, F. Fourel, F. Adam, N. Lynnerup, H. Reychler, Oxygen isotope fractionation between human phosphate and water revisited. J. Human Evol., 55(6), 2008. 
• J. Guiot, C. Hély-Alleaume, H.B. Wu, C. Gaucherel, Interactions between vegetation and climate variability: what are the lessons of models and paleovegetation data. R. Geoscience, 2008. 
• J. Guiot, A. Nicault, S. Alleaume, S. Brewer, M. Carrer, P. Nola, E. Guttierez, J.-L. Edouard, C. Urabniti, Mediterranean drought fluctuation during the last 500 years based on tree-ring data. Climate Dynamics, 31 (2-3), 2008. 
• J. Guiot, G. Ramstein, M. Kageyama, H. Wu, C. Hely, G. Krinner, S. Brewer, How cold was Europe at the Last Glacial Maximum? A synthesis of the progress achieved since the first PMIP model-data comparison. Climate of the Past, 3, 2007.

Conferência...La crise climatique vers 850 avant notre ère...Bas van Geel, université d'Amsterdam


La crise climatique vers 850 avant notre ère

par Bas van Geel, université d'Amsterdam
Les restes de végétaux et d’organismes trouvés dans les dépôts de tourbières, les sédiments lacustres et les sédiments marins sont des sources d’information de premier ordre pour comprendre les changements climatiques passés. Les fluctuations de l’activité solaire modulant l’intensité des rayons cosmiques, on peut déduire l’activité solaire sur la base de l’enregistrement des isotopes cosmogéniques du carbone 14 et du bérylium 10, des cernes de bois et des carottes de glace du Groenland et de l’Antarctique. Les changements climatiques des 11 000 dernières années correspondent aux variations de ces isotopes cosmogéniques et l’activité solaire peut être considérée comme un facteur majeur des oscillations climatiques. La transition d’un climat chaud et sec au Subboréal à un climat frais et humide au Subatlantique, autour de 850 avant notre ère, est visiblement liée au déclin temporaire de l’activité solaire. Nous exposerons les effets de ce changement climatique sur les populations de la fi n de l’âge du Bronze vivant dans des conditions humides aux Pays-Bas et sur l’expansion de la culture scythe dans le sud de la Sibérie. L’hyperréactivité du système climatique à de petites variations de l’activité solaire suggère l’existence de mécanismes amplificateurs dans l’atmosphère. Le manque de connaissance précise de tels mécanismes entrave encore la précision des modèles d’évolution du climat dans le présent et le futur. Le rôle du soleil – en relation avec les gaz à effet de serre – pourrait être encore sous-estimé dans notre compréhension des modèles climatiques.
Bas van Geel est paléoclimatologue et paléoécologue, spécialisé dans l’étude du Quaternaire à l’université d’Amsterdam. Il étudie les dépôts lacustres, les plaines marécageuses, les tourbières et les sites archéologiques liés à la paléoécologie, la paléoclimatologie, l’archéologie environnementale et la physique des isotopes. Il a fait des découvertes fondamentales avec J. van der Plicht (université de Groningen), sur l’incidence de l’activité solaire sur les changements climatiques. Ils ont ainsi mis en évidence le lien entre le déclin de l’activité solaire et le passage d’un climat subboréal à un climat subatlantique. 

Quelques références 
• R. Marchant, S.P. Harrison, H. Hooghiemstra, V. Markgraf, J.H. van Boxel, T. Ager, L. Almeida, R. Anderson, C. Baied, H. Behling, J.C. Berrio, R. Burbridge, S. Björck, R. Byrne, M.B. Bush, A.M. Cleef, J.F. Duivenvoorden, J.R. Flenley, P. De Oliveira, B. van Geel, K.J. Graf, W.D. Gosling, S. Haberle, T. van der Hammen, B.C.S. Hansen, S.P. Horn, G.A. Islebe, P. Kuhry, M.P. Ledru, F.E. Mayle, B.W. Leyden, S. Lozano-García, A.B.M. Melief, P. Moreno, N.T. Moar, A. Prieto, G.B.A. van Reenen, M.L. Salgado-Labouriau, F. Schäbitz, E.J. Schreve- Brinkman, M. Wille, Pollen-based biome reconstructions for Latin America at 0, 6000 and 18 000 radiocarbon years. Clim. Past Discuss. 5, 2009. 
• D. Mauquoy, D. Yeloff, B. van Geel, D.J. Charman, A. Blundell, Two decadally resolved records from northwest European peat bogs show rapid climate changes associated with solar variability during the mid-late Holocene. Journal of Quaternary Science 23, 2008.

Videos das conferências disponíveis... Des climats et des hommes - Glaciologie, climatologie, archéologie, histoire


Des climats et des hommes - Glaciologie, climatologie, archéologie, histoire


On climates and humans - Climatology, archaeology and history 

Colloque international organisé par Météo-France, la Cité des sciences et de l'industrie, l'Inrap 

Auditorium de la Cité des sciences et de l'industrie, les 19, 20, 21 novembre 2009


20091218

Paleoblog

Paleoblog
http://paleodiversitas.org/blog/



Um blogue dinamizado no âmbito do projecto Paloediversitas - Sistema de Información sobre Paleodiversidad vegetal para la Península Ibérica. Disponível no endereço http://paleodiversitas.org/


Vale  a pena consultar!

20091210

Brasil Plural: Conhecimentos, Saberes Tradicionais e Direitos à Diversidade


27Reunião Brasileira de Antropologia (RBA) – Belém
Brasil Plural: Conhecimentos, Saberes Tradicionais e Direitos à Diversidade
01 a 04 de agosto de 2010, Belém – PA
Inscrição de comunicações nos GTs 01/12 a 22/02/10

GT ANTROPOLOGIA DOS LUGARES, PAISAGENS E PATRIMÔNIOS
Coordenação: Regina Abreu (UNIRIO), Izabela Tamaso (UFMT)
Debatedor: Rafael Winter Ribeiro (UFRJ)

O termo “lugar”, seja como categoria analítica ou conceito descritivo, têm se revelado especialmente operacional em estudos de casos dos mais diversos grupos sociais (sociedades indígenas, quilombolas, camponesas, grupos urbanos), que têm passado, voluntaria ou involuntariamente, por processos de patrimonialização e musealização. O mesmo ocorre com a categoria “paisagem cultural”, ainda carente no Brasil de estudos e pesquisas que articulem os diferentes saberes e as diferentes formas de relação dos grupos sociais com o espaço e o território. Em processos de patrimonialização e musealização, os “lugares” correm certo risco de cristalização, mas também são percebidos como territórios construídos e extremamente dinâmicos e móveis. Assim, torna-se importante para a Antropologia refletir sobre “lugares” em sua dupla acepção de permanência e mobilidade. Este GT pretende abrigar resultados de pesquisas e análises que, em contextos de patrimonialização e musealização, realizam uma abordagem antropológica das categorias “lugar” e “paisagem cultural”, bem como focalizam os percursos, as circulações e as diferentes apropriações dos “lugares” e da “paisagem cultural” na sociedade contemporânea. As reflexões relativas aos conhecimentos tradicionais e à propriedade intelectual são inevitavelmente parte deste amplo debate que envolve, além da Antropologia, os saberes oriundos da Geografia, do Direito e da Biologia.
Informações: http://www.abant.org.br/

20091205

Já foram...

1/05_DEZEMBRO_2009_ 6º Simpósio sobre el Margen Ibérico Atlántico



06/09_DEZEMBRO_2009_XIV Simpósio Argentino de Paleobotânica e Palinologia

Living Landscape : The European Landscape Convention in research perspective



Living Landscape : The European Landscape Convention in research
perspective.


Monday, 18 October 2010 - Tuesday, 19 October 2010


In view of the 10th anniversary of the European Landscape Convention, that
will be celebrated in Florence (Italy) on 20 October 2010, UNISCAPE and
LANDSCAPE EUROPE are organising a scientific conference to discuss in depth
the merits of landscape science at the forefront of integrated research in a
rapidly changing spatial environment. The conference will be held on 18-19
October 2010 in Florence. The aim is to initiate a well prepared debate in
order to define clear recommendations and guidelines from the scientific
community to be presented to the audience of the official meeting on 20
October 2010. The conference is supported by the authors of the text of the
European Landscape Convention, and will be realised in close consultation
with the Commission on Cultural Heritage and Landscape (CDPATEP) of the
Council of Europe.


A conference organised by Uniscape and Landscape Europe in Florence, Italy.

Uniscape Logo
What has science contributed to the implementation of the European Landscape Convention? And what are the topics for the future of European landscape? The 10th anniversary of the Florence Convention is occasion to discuss in depth the merits of landscape science at the forefront of integrated research in a rapidly changing spatial environment. Interdisciplinary contributions explicitly referring to the principles of the Landscape Convention are especially welcomed.
Call for papers
Aim of the conference is to discuss cutting-edge research results at the crossroads of sciences and humanities, design and empiricism. Papers will be prepared in advance, and selected as a basis for the debate in the conference. The results of the debate will be presented to the political audience present for the Florence+10 celebrations on 20 October. After the conference the papers will be updated and published in scientific journals.
Timescales
Jan 2010 - submission of abstracts
Feb 2010 - invitation to prepare full papers
Apr 2010 - submission of full papers
May 2010 - peer review of papers, selection of the 40 most innovative papers; other papers will be published in proceedings
Jun – Aug 2010 - revision of the 40 papers
Sept 2010 - submission of revised papers
For further information e-mail LivingLandscape@uniscape.eu

http://www.landscapecharacter.org.uk/node/355

20091204

Notícias .... SCIENCE, Volume 326, Issue 5958 dated December 4 2009


CO2 and Miocene Climate Change


Figure 
1
CREDIT: TRIPATI ET AL.
Atmospheric carbon dioxide is a powerful greenhouse gas believed to be one of the most important determinants of climate. Ice cores provide a detailed and direct record of CO2 concentrations over the past 800,000 years, but not earlier. Tripati et al. (p. 1394, published online 8 October) report B/Ca measurementsof planktonic foraminifera, from which they can infer atmospheric CO2 concentrations, for the past 20 million years. The concentration of atmospheric CO2 was similar to preindustrial values for the past 10 millions years, but between 15 and 20 million years ago, during the warm lower Miocene epoch, CO2was more abundant, and major climate transitions toward cooler conditions occurred when CO2decreased substantially.

http://www.sciencemag.org/content/vol326/issue5958/twis.dtl