Importância da palinologia da Lagoa do Saloio na reconstrução paleoecológica da mata do Valado de Frades
Sandra Gomes
As zonas húmidas como lagoas, turfeiras, pântanos, sapais e outros ecossistemas palustres caracterizam-se pelo seu dinamismo e complexidade do ponto de vista geomorfológico sendo por isso também altamente susceptíveis face a eventuais impactos naturais e/ou antrópicos. A área em estudada, em 2007, a lagoa do Saloio, localizada no concelho da Nazaré, encerra uma história de mudanças ecológicas que se foram sucedendo no decorrer do Holocénico.
Esta “história” evolutiva encontra-se preservada nos sedimentos da lagoa, constituindo a sua análise e posterior interpretação elementos irrefutáveis das alterações ambientais naturais ocorridas quer a nível local quer a nível regional. Mais recentemente, mudanças antrópicas terão causado o seu impacto na área em estudo, sobrepondo-se aos processos naturais. O recurso a diferentes disciplinas viabiliza a possibilidade de vislumbrarmos concertadamente o passado, reconstituindo os acontecimentos patentes nas principais mudanças ecológicas da paisagem. Todavia a palinologia de lagoas e turfeiras, devido à fiabilidade dos seus registos, constitui um dos mais importantes métodos na reconstrução da flora, vegetação e ambientes pretéritos (Faegri e Iversen, 1989).
O Homem, como os demais agentes constituintes da biosfera, é um agente modelador/construtor da paisagem. A sua intervenção reflecte-se de um modo mais ou menos gradativo no território, por vezes irreversivelmente. Assim sendo, o território, pode considerar-se como um artefacto, sendo talhado a cada gesto humano, com repercussões ao nível social (com a repetição do gesto) e ao nível do ecossistema, ao alterá-lo do ponto de vista funcional e espacial no decurso da história e evolução humanas (Mateus et al., 2003).
O concelho da Nazaré apresenta registos de ocupação desde há muito, existindo evidências de ocupação Paleolítica no concelho. No decorrer desta apresentação, procederemos a uma descrição das dinâmicas de ocupação humana na região e seu impacto no ecossistema adjacente, no decorrer do Holocénico recente, assente nos estudos polínicos efectuados. Mais concretamente, desde a colonização dos romanos, cujo impacte na vegetação se revelou intenso, abrangente e diversificado (provavelmente devido à instalação de verdadeiros núcleos urbanos), passando pela Idade Medieval com a atribuição de forais, (o que levou à exploração mais intensificada da região do ponto de vista da silvicultura e da agricultura), cujas evidências estão patentes nas curvas polínicas, até à actualidade
Nenhum comentário:
Postar um comentário